segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Policial na cadeia, mas bandido solto

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Uma coisa que me deixa muito triste é ver colega sendo preso por agir como policial. Por agir como o treinamento mandou agir. A última foi o PRF que, para evitar que uma Hilux com o motorista bêbado prosseguisse viagem, no Mato Grosso do Sul, acabou por matar o motorista, em legítima defesa, após ter sido vítima de tentativa de homicídio. Sim, eu acredito na versão do colega PRF.

Vamos considerar as contradições nas versões e para quem devemos dar créditos. É a palavra de um Policial Rodoviário Federal, concursado e de reputação ilibada contra 2 ocupantes do carro que estavam bêbados (eram 3, mas um não tinha condição de contar a história, né!). O que a imprensa leva em consideração? Aquilo que vende. A notícia veiculada foi: Policial mata empresário em briga de trânsito. Ponto final.

Os promotores de justiça nem querem saber da verdade, querem fazer pontos com prisões e acalentar o clamor da população incitado pela notícia midiática, no mínimo, duvidosa. Pedem a cabeça do policial para o juiz. O juiz, que em primeiro momento havia dado crédito para a versão do policial, volta atrás e manda prendê-lo preventivamente. Ou seja, um policial, agindo como policial, está, agora, preso.

Vamos supor também que se prove que a versão do PRF é a verdadeira: ele já gastou pelo menos R$ 50 mil com advogados, ficou preso e a mídia já o condenou. Esse dinheiro, a reputação e a tranquilidade perdida ele não terá de volta. Sendo que ele não fugiu da cena do ocorrido. Fez tudo direitinho. Qual é a ameaça que esse policial de passado ilibado oferece à sociedade? Ou seja, mesmo ele provando que fez tudo certo, sempre, no caso do policial, se tem muito a perder.

Agora vejam essa notícia: Suspeitos detidos com fuzil, pistola e maconha no Morro da Coroa são soltos em audiência de custódia. Os bandidos foram soltos porque o flagrante foi considerado frágil para a juíza. Cadê os promotores ávidos por sangue para pedir a preventiva desses caras. Será que uns suspeitos detidos com fuzil não são ameaça à sociedade, mas o PRF, exercendo seu trabalho, o é?

A polícia, por ter sido truculenta por tanto tempo, tem sua parcela de culpa. Mas está na hora de começarmos a dar, pelo menos, algum crédito para as ações policiais. A polícia tem se reciclado e melhorado a cada dia. Se os homens e mulheres que trabalham nessas forças começarem a deixar de agir com medo de serem presos e perderem seus trabalhos, meu amigo, o batman não vai dar conta.

E a pergunta que o juiz ou os promotores do caso deveriam se fazer é: por que um PRF treinado, sem nenhum antecedente de abuso de autoridade ou truculência mataria por uma briga no transito? Por que dar 100% de crédito para os bêbados? Por que ele ligaria para o 190 antes de efetuar os disparos e depois ainda esperaria a PM chegar? Se ele realmente quisesse matar e fugir, teria feito tudo isso? Se a resposta for não, então, na minha opinião, a atitude do juiz e dos promotores, assim como a notícia da imprensa, é, no mínimo, questionável, não?