quinta-feira, 26 de maio de 2022

Concursos de remoção Agente de Polícia Federal - 2015 a 2021

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Senhores e senhoras, segue, para o conhecimento de vocês, a planilha com a pontuação dos concursos de remoção de Agente da Polícia Federal dos anos de 2015 a 2021. Foram os últimos concursos de Agente que ocorreram na Polícia Federal.

Lembrando que as remoções de 2019 e 2020 foram decorrentes do concurso público de 2018. Nesse concurso ocorreram duas academias, por isso dois concursos de remoção. Lembrem-se que os novos policiais vão para as vagas remanescentes do concurso de remoção - que acontece internamente na PF. Ou seja, as vagas para onde os policiais mais antigos não quiseram ir, sobram para os novos escolherem na Academia.

Vamos dar um exemplo:

Em Oiapoque, no Amapá, em 2021, existiam 11 vagas originais. Vamos supor que conseguiram sair de lá, no concurso de remoção do mesmo ano, 15 agentes. Ainda, no mesmo concurso de remoção, foram removidos para lá, por escolha, 02 agentes.

A conta que se faz para saber quantas vagas sobraram para a ANP é: 11 (vagas originais) + 15 (vagas que abriram pelos que saíram) - 2 (vagas ocupadas pelos que chegaram) = 24. Ou seja, 24 vagas sobrarão para os novos policiais escolherem na Academia Nacional de Polícia - ANP. Serão 24 novos felizes policiais indo trabalhar nas nossas fronteiras com toda a garra, tenho absoluta certeza.

Antes de você ver a planilha, lembre-se do e-book. Conto histórias vividas por mim na PF, todas em primeira pessoa. Por um preço menor que de um lanche, você se sentirá trabalhando na Polícia Federal. Click aqui! - Apenas 29,90.

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Caso você queira calcular quanto tempo deverá permanecer em determinada cidade para conseguir a pontuação necessária para ser removido para onde deseja, o cálculo é assim:

Vamos usar como exemplo a cidade de Maceió em Alagoas. Você agora quer morar na praia. Mas não em qualquer praia, você quer frequentar as lindas praias de águas quentes de Maceió/AL.

Para conseguir ser removido para lá em 2021 você teria que ter, no mínimo, 11.945 pontos. Quanto tempo é isso, você me pergunta. E eu respondo: Depende! Se você estivesse lotado em Tabatinga, no Amazonas, cidade de pontuação 4,5, você teria que morar na linda Tabatinga, para atingir a pontuação mínima para ser removido para Maceió, por 07 anos, 03 meses e alguns dias.

Vamos aos cálculos:

Vamos dividir a pontuação necessária para a remoção para Maceió pela pontuação por dia de lotação em Tabatinga:

11.945/4,5 = 2.655 dias lotado em tabatinga para acumular essa quantidade de ponto.

Agora, divida a quantidade de dias por 365, para descobrir o tempo em anos. O resultado será 7,27 anos. Ou seja, 07 anos, 03 meses e alguns dias para ter a pontuação mínima necessária para ser removido para Maceió em 2021. 

Para ver a pontuação de cada lotação clique aqui!

Agora basta substituir esse 4,5 de Tabatinga pela pontuação da cidade onde você pretende morar por um tempo, ver a quantidade de pontos que precisa acumular para a cidade desejada e fazer os cálculos.

As cidade que estão com pontos mínimos igual a 1, são as cidades que sobraram vagas no concurso de remoção e as vagas que sobraram foram para a ANP, conforme falei no exemplo da cidade de Oiapoque/AP.

Vejam na planilha que a pontuação mínima necessária muda de acordo com a quantidade de vagas dos concursos. Ou seja, não é garantido que no próximo concurso de remoção tenha vaga para onde você quer ir, muito menos há como prever quantidade de pontos necessária.

No próximo concurso, qual cidade você vai escolher para ser sua primeira lotação? Qual cidade é o seu destino final? Comente!

Ps.: Pessoal, se forem replicar essa planilha, peço, por gentileza, que deem os créditos.

segunda-feira, 16 de maio de 2022

Escolha de Vagas - Escrivão 2022 - Academia da Polícia Federal

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Senhores e senhoras, finalmente as vagas que estavam disponíveis para a escolha dos Escrivães de Polícia Federal na Academia de 2022.

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Foram 408 vagas em 72 localidades diferentes.

Você estará lá na próxima escolha? Comente e compartilhe.

domingo, 6 de março de 2022

Uma depressão com um surto psicótico e dois Policiais Federais mortos em uma madrugada de terror em Tabatinga/AM

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Depressão Policial - Até quando o departamento ficará inerte?

(...) na madrugada do dia 14 de outubro de 2002, na Delegacia de Polícia Federal em Tabatinga/AM, por volta das 3:30 horas daquele dia, inconformado por ter sido substituído no plantão, assassinou seus dois colegas de trabalho , os Agentes de Polícia Federal AMINDO JOÃO DA SILVA e GUILHERME AUAD MOURAD, após mantê-los, juntamente com outros Servidores, em cárcere privado por aproximadamente duas horas.

Assim eu começo meu texto. A intenção não é chocar, é chamar a atenção para o grave problema que não só a Polícia Federal vive, mas todas as polícias brasileiras estão vivendo, o problema da depressão dos seus membros, culminando em suicídios e mortes. Vimos isso nessa semana que passou (03/03/2022), quando o colega Lucas Valença teve um surto psicótico, invadiu uma casa e foi morto pelo morador. O caso ficou famoso e saiu nos principais jornais do Brasil, pois Lucas era conhecido nacionalmente como o “Hipster da Federal”. Mas isso é outra história.

Voltando ao caso de tabatinga. Só estou relatando aqui porque o caso se tornou público e possível de ler, na íntegra, no site do TRF 1: https://trf-1.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/2242682/recurso-criminal-rccr-5933-am-20023200005933-4/inteiro-teor-100751163.

A história é horrenda e possivelmente teria sido evitada se atentassem para o comportamento do colega que já dava indícios fortíssimos de psicose, como a história a seguir:

Há relatos de que um dia ele chegou no flutuante de Tabatinga à uma da madrugada, onde ficava a lancha da Polícia Federal. Botou a arma na boca do vigilante e o mandou levá-lo do outro lado do rio em Santa Rosa no Peru. chegando lá tomou umas e, após isso, botou três mulheres na lancha e saiu de volta para o lado brasileiro. Porém, quando chegou no meio do rio jogou as três mulheres na água. Apesar de o vigilante ter relatado esse fato, segundo informações, nada foi feito pelo departamento.

Além desse, caso opte por ler o caso na íntegra, verá que muitos outros fatos ocorreram já demonstrando que o colega estava MUITO doente.

A partir desse ponto do texto eu copio, com algumas correções gramaticais, o que está no processo público. Não é fácil de ler, é chocante demais, mas acho que todos deveriam saber para escancarar a doença vivida por muitos policiais. Segue:

“O crime ocorreu quando o denunciado se encontrava de Plantão na DPF.B/TAB/AM, juntamente com a Agente de Polícia Federal Cláudia Nascimento.

Em virtude dos constantes abandonos do referido plantão por parte do denunciado, o qual deixava para sua colega APF Cláudia, toda a responsabilidade pelas tarefas da delegacia, esta APF, por volta das 20h do dia 13/10/2002, reclamou ao Chefe da Delegacia em exercício naquele dia, APF Manoel Ricardo Silveira Batista Neto.

Ao constatar a veracidade das reclamações, o Chefe da Delegacia, por volta das 22:30 h., determinou a dispensa do plantão do denunciado, convocando para substituí-lo o APF Guilherme Auad Mourad.

Visando esconder o verdadeiro motivo da dispensa, o denunciado retornou ao prédio da Delegacia de Polícia para fazer constar no Livro de Ocorrência o fato de ter sido dispensado por motivo de saúde. Essa pretensão lhe foi negada por duas vezes pela APF Cláudia, o que fez com que o denunciado, aproveitando-se da ausência temporária desta APF da Portaria do Plantão, falsificasse de próprio punho o registro no Livro de Ocorrência, fazendo constar o seguinte:

Por volta das 10:30h o APF CLÁUDIO foi substituído pelo APF GUILHERME, pois não se sentia bem, digo 22:30h. Por volta das 23:30 comecei a queimar objetos quando percebi que sacos que recebi do APF GUILHERME NA BASE ANZOL cheiravam a DROGA;

Aconselhado pelo Chefe da Delegacia, APF Manoel Ricardo, para que retornasse para sua casa e tentasse se acalmar, o denunciado passou a protagonizar verdadeiro escândalo naquela Delegacia que culminou com o duplo homicídio praticado contra seus colegas. Inicialmente, de arma em punho, dirigiu-se ao telefone público localizado em frente à Delegacia, demonstrando que falava com alguém.

Nesse ínterim, e desconfiado das intenções do denunciado, o Chefe da Delegacia, APF Manoel Ricardo, acionou todo o efetivo, para que se dirigissem até a Delegacia a fim de atuarem em qualquer eventualidade.

Ocorre que, antes que o efetivo chegasse à Delegacia, o denunciado dirigiu-se ao Quartel do 8º Batalhão de Infantaria de Selva localizado naquele Município, e, novamente de arma em punho e recusando-se a entregá-la, exigiu, perante o Corpo da Guarda daquela Unidade Militar, que fosse chamado naquele local o APF Manoel Ricardo, no que foi atendido.

Fazendo-se acompanhar dos APF’s Cláudia, Stela, Leandro e Márcia, o APF Manoel Ricardo dirigiu-se ao Quartel do 8º BIS, procedendo negociações com o denunciado para deposição da arma e sua rendição. Nessa conversa o denunciado permaneceu de arma em punho, e, em tom ameaçador, apontava-a, ora para o APF Manoel, ora par a APF Cláudia.

Após a conversa, ficou acertado que o denunciado deporia a arma e se renderia na Delegacia de Polícia Federal para onde se dirigiu na motocicleta da Polícia Federal que pilotava, escoltada por militares do Exército Brasileiro.

Não obstante todo o processo de negociação pacífica empreendido pelos seus colegas APF’s, ao retornar à Delegacia de Polícia Federal em Tabatinga, o denunciado, ao contrário do que havia acertado, rendeu, inicialmente, os APF’s Manoel Ricardo e Cláudia, para, ato contínuo, render os APF’s Guilherme, Armindo e Stela e o Agente Administrativo Valdir, mantendo todos sob cárcere privado, momento em que apoderou-se da pistola do APF Armindo, ao perceber que este para se defender, tentava sacá-la.

De posse das duas pistolas engatilhadas, passou a apontá-las aos reféns, determinando ao APF Manoel Ricardo que se deslocasse até a residência do denunciado a fim de “apanhar suposta substância entorpecente que ali estava guardada, uma vez que” se dizia achar “vítima de uma suposta armação por parte de pessoas que queriam prejudicá-lo”.

Em virtude da demora do APF Manoel Ricardo em retornar, o denunciado decidiu deslocar-se até sua residência levando consigo, sob a mira das pistolas, as APF’s Stela e Cláudia. Nesse momento, a APF Cláudia, não suportando a ameaça e pressão do denunciado, desmaiou tendo a APF Stela se recusado a acompanhar o denunciado porque não queria abandonar a colega.

Diante de tal circunstância, o denunciado determinou que os APF’s Armindo e Guilherme o acompanhasse, no que foi imediatamente atendido, saindo os três da Delegacia em direção ao veículo do DPF, marca Troller, que estava estacionado em frente da mesma.

Ali chegando, o denunciado, s em qualquer motivo justificável, passou a efetuar disparos em direção a um veículo Gol que se encontrava estacionado ao lado do Troller e, ato contínuo, iniciou a execução de seus colegas que haviam concordado em obedecer-lhe aos comandos.

Inicialmente, desferiu sete tiros à queima roupa contra o Agente de Polícia Federal Armindo João da Silva. Dois tiros foram efetuados quando a vítima estava de frente para o denunciado. Ao virar-se procurando fugir, a vítima continuou a ser atingida, e mesmo caída ao chão, o denunciado ainda lhe desferiu cinco tiros, vindo a falecer.

Nesse instante, o APF Guilherme Auad Mourad, que o havia substituído no plantão, visando desvencilhar-se da ação assassina do denunciado, tentou inutilmente fugir, escondendo-se em baixo de uma S10 que estava estacionada ao lado do Troller. O denunciado, então, de forma covarde, vendo que a vítima ali se encontrava, agora, já ferida e sem qualquer chance de defesa, abaixou-se, e friamente disparou vários tiros a queima roupa contra seu colega, assassinando-o instantaneamente.

Tendo consumado os assassinatos, o denunciado evadiu-se do local na motocicleta do DPF em direção à Colômbia, e no meio do caminho efetuou ainda mais um disparo num posto de gasolina.

Quando chegou na fronteira do Brasil com a Colômbia, o denunciado foi detido por Policiais Colombianos e Policiais Militares Brasileiros.”

E essa foi a madrugada de terror, do dia 14 de outubro de 2002, que ocorreu em Tabatinga no Amazonas.

Abaixo segue o depoimento ipsis litteris, que ele fez após ser capturado e levado à delegacia da PF. Não tenho ideia de como deve ter sido difícil os demais colegas ouvirem tamanha loucura da boca de alguém que matou dois APFs.

“QUE em JANEIRO do ano em curso descobriu que era portador de HPV; QUE foi liberado para fazer tratamento no RIO DE JANEIRO, onde passou cerca de 01 (um) mês; QUE nesse período foi operado de fimose, sendo que julga ter sido vítima de um erro médico que o incapacitou parcialmente para exercício de atividade sexual; QUE nunca fez tratamento psiquiátrico; QUE em TABATINGA/AM o AUTUADO estava tomando um remédio para os nervos chamado PASSIFLORIN; QUE desde que fez a operação antes mencionada acredita que está passando por sérios problemas metais; QUE acredita que está sendo perseguido, porém não deseja declinar os motivos desta perseguição; QUE nunca passou por uma situação parecida com a que ocorreu na madrugada de hoje (14/10/2002), porém algumas semanas atrás efetuou um disparo em via pública para se proteger de um ataque de cachorro, e por isso se encontra respondendo um PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR; QUE procurou um médico local para falar de seus supostos PROBLEMA MENTAIS e o mesmo receitou PARCIFLORIN e uma conduta ambulatorial que não foi seguida pelo AUTUADO; QUE o AUTUADO na data de ontem (13/10/2002), foi dispensado de seu PLANTÃO NA DELEGACIA, por volta de 22h30min, sendo substituído pelo APF GUILHERME em cumprimento a determinação do CHEFE DA DELEGACIA; QUE meia hora depois retornou a DELEGACIA para informar sobre uma suposta substância entorpecente que havia lhe sido dada pelo APF GUILHERME como se fosse sílica gel; QUE foi o próprio AUTUADO que pediu de GUILHERME a sílica gel para combater a umidade que havia em sua CASA; QUE o AUTUADO acredita que estava sendo perseguido por pessoas que queriam a sua morte; QUE o AUTUADO tentou se refugiar em um QUARTEL DO EXÉRCITO logo após ter retornado novamente a DELEGACIA e discutido com o APF GUILHERME, haja vista que o mesmo queria que o AUTUADO fosse para CASA; QUE no QUARTEL DO EXÉRCITO atendeu solicitação do APF RICARDO para retornar a DELEGACIA; QUE ao retornar a DELEGACIA efetivamente rendeu com sua PISTOLA ENGATILHADA O APF RICARDO e a APF CLÁUDIA; QUE posteriormente rendeu todos os outros que estavam nesta DELEGACIA; QUE se apossou da ARMA DO APF ARMINDO, uma PISTOLA calibre 9MM, com capacidade de 08 (oito) tiros; QUE o AUTUADO comprou e portava uma PISTOLA TAURUS 9 mm, nº TMH 07493 que ainda estava em nome do APF OSVALDO FAUSTINO BOTELHO; QUE não havia passado a ARMA para o seu nome posto só podia fazê-lo após o ESTÁGIO PROBATÓRIO de 03 (três) anos; QUE sua PISTOLA possui capacidade para 17 (dezessete) tiros; QUE após ter rendido todos nesta DELEGACIA O AUTUADO determinou que o APF RICARDO fosse buscar em sua residência o restante da suposta DROGA, que teria recebido como se fosse sílica gel do APF GUILHERME; QUE o AUTUADO não tinha nada contra o APF GUILHERME e nem contra o APF Armindo; QUE como o APF RICARDO estava demorando para retornar o AUTUADO decidiu ir atrás do mesmo, sendo que decidiu levar consigo as APF´S STELA e CLÁUDIA; QUE como a APF CLÁUDIA desmaiou na saída da DELEGACIA e a APF STELA se recusou a ir, dizendo que queria ficar com sua AMIGA, os APF’S ARMINDO e GUILHERME se ofereceram para ir no lugar de suas COLEGAS; QUE o AUTUADO pretendia entregar as ARMAS que estava portando tão logo visse o APF RICARDO com o restante do MATERIAL que pediu para pegar em sua residência; QUE ao sair na DELEGACIA com os APF´S ARMINDO e GUILHERME, para apanhar o veículo TROLLER (viatura ostensiva do DPF), o AUTUADO ouviu 02 (dois) tiros e pensou que estava sendo atacado; QUE ato continuo efetuou vários disparos em um veículo GOL que estava ao lado do TROLLER, e passou a atirar no APF ARMINDO; QUE procedeu tais disparos de forma “instintiva”, QUE o AUTUADO como e quando deu os tiros no APF GUILHERME, não sabendo explicar, portanto, como o citado POLICIAL veio a MORRER; QUE após ter efetuado os disparos antes mencionados o AUTUADO pegou a MOTO que estava em frente a DELEGACIA e fugiu em direção ao CONSULADO BRASILEIRO em LETÍCIA na COLÔMBIA; QUE esperava obter asilo e proteção no citado CONSULADO’, porém foi abordado na FRONTEIRA pela POLÍCIA NACIONAL DA COLÔMBIA e POLICIAIS MILITARES BRASILEIRO; QUE após ter sido desarmado foi entregue ao APF RICARDO; QUE teve sua integridade física e mental pelos POLICIAIS que efetuaram sua PRISÃO; QUE não queria matar os APF’S ARMINDO e GUILHERME e encontrava-se arrependido do que fez; QUE apenas queria voltar para o RIO DE JANEIRO ou APOSENTADO por INVALIDEZ (MENTAL) ou em TRATAMENTO PSIQUIÁTRICO; QUE os U$ 1.962,0 (mil novecentos e sessenta e dois dólares) encontrados em sua residência quando os POLICIAIS foram pegar seus pertences foram adquiridos na CASA DE CÂMBIO local CMM, e são fruto de seu salário ao longo do tempo que está em TABATINGA/AM; QUE acompanhou espontaneamente na data de hoje (14/10/2002) a reconstituição do CRIME onde foram ASSASSINADOS o APF ARMINDO e o APF GUILHERME; QUE novamente ratifica que se encontra arrependido; QUE não toma remédio controlado para PROBLEMAS MENTAIS; QUE não é usuário e nem dependente de substância ENTORPECENTE; QUE na data de hoje efetivamente se negou a fornecer URINA e SANGUE para EXAME TOXICOLÓGICO de dependência química.”

No dia seguinte ao homicídio, conversando informalmente com o delegado Sérgio percebe-se a nítida perturbação do acusado. Novamente colo aqui como escrito no processo, sem mudar absolutamente nenhuma vírgula:

DPF Sérgio – Você não é obrigado a falar se não quiser. Se você quiser permanecer em silêncio, você pode. Agora, o mínimo que você pode fazer pelos colegas que você assassinou é prestar as informações que a gente está lhe perguntando. Lembre-se que um dia você foi Policial Federal, coisa que não vai acontecer mais. Nunca mais você vai ser um Policial Federal. Agora você vai responder por um crime que você cometeu. Você tirou a vida de um pai de família e de um jovem que ainda tinha uma vida inteira pela frente. Eu vou fazer algumas perguntas. Se você quiser responder você responde. Se você não quiser responder não é obrigado a responder. Você entendeu? Entendeu? Pode falar?

CLÁUDIO – Eu não tenho nada para falar.

DPF Sérgio – Mas de qualquer forma eu vou consignar as perguntas. Você sebe como funciona isso. Apesar de ser uma gente novinho, você já deve ter visto algum flagrante. Mesmo assim, vou consignar as perguntas. O que levou você ontem a agir do jeito que agiu? Não pretende responder?

CLÁUDIO – Se você me deixar... Eu não respondo não!

DPF Sérgio – Certo. Você atirou no APF Armindo e no APF Guilherme na madrugada de hoje, causando a morte de ambos?

CLÁUDIO – Atirei.

DPF Sérgio – Certo. Qual foi o motivo de você ter atirado nesse dois policiais?

CLÁUDIO – Tive. De ter tido um tiro. Desse tiro me causou um pânico. Então eu atirei no carro da polícia e no momento vi o Guilherme. Eu tava descontrolado. Eu vi o Guilherme pular no chão e eu tive que puxar a arma. Aí eu atirei nele. E minha mão foi bem dizer automática. Entendeu? Com Armindo. Foi um negócio assim automático porque o Armindo pulou no chão. E aí, eu falei, tá acontecendo alguma coisa. Eu escutei um tiro e foi aquele horror, rololó todo. Eu atirei, infelizmente.

DPF Sérgio – Você deu sete tiros no APF Armindo. Alguns pela frente e outros pelas costas. Você tem ciência disso? Que você deu tiros no APF Armindo pelas costas?

CLÁUDIO – Eu não tenho ciência porque não me lembro.

DPF Sérgio – Certo. Você se recorda....

CLÁUDIO – Eu não tenho ciência, mas eu lembro de ter dado pelo menos cinco. Sete não! Pelo menos cinco.

DPF Sérgio – Certo. Você se recorda...

CLÁUDIO – Porque a pistola ainda tinha duas munições.

DPF Sérgio – Você se recorda de ter atirado no APF Guilherme quando o mesmo se encontrava em baixo da viatura?

CLÁUDIO – Embaixo da viatura não. Eu lembro assim que ele tava tentando ir para viatura, aí eu atirei. Eu lembro que a bala pegou na viatura.

DPF Sérgio – Mas se arrastando no chão? Ele estava no chão quando você atirou nele?

CLÁUDIO – Ele... Ele tinha deitado no chão. Mas...

DPF Sérgio – Certo, você viu alguma arma com o APF Guilherme ou APF Armindo? Viu?

CLÁUDIO – Sinceramente, com o APF Guilherme eu pensei de estar vendo essa arma. Entendeu? Não sei se eu vi ou se eu não vi com o APF Guilherme. Com o APF Armindo eu não vi arma nenhuma.

DPF Sérgio – De onde partiu esse tiro que você alega que foi disparado e te assustou?

CLÁUDIO – Para mim, partiu de dentro do carro.

DPF Sérgio – O tiro partiu de dentro do carro?

CLÁDIO – Ou de fora, eu não sei. Alguma coisa. Teve um tiro.

DPF Sérgio – Mas de alguém próximo do local onde aconteceu?

CLÁUDIO – Não.

DPF Sérgio – Onde foi que aconteceu isso?

CLÁUDIO – Em frente à delegacia.

DPF Sérgio – Em frente à delegacia? Você estava levando o APF Armindo e o APF Guilherme pra onde?

CLÁUDIO – Levando eles pra minha casa pegar, para buscar...

DPF Sérgio – Pra buscar o que? Pra buscar o que , CLÁUDIO? As armas que você usou foram de quem? Suas?

CLÁUDIO – Uma é minha.

DPF Sérgio – E a outra?

CLÁUDIO – Era do Armindo.

DPF Sérgio – Eles tentaram, que dizer, então eles não reagiram? Você que pensou que eles tivessem reagido.

CLÁUDIO – Eu não sei, Doutor Sérgio. Sei que escutei um tiro.

DPF Sérgio – Você pretendia atirar neles quando saíam?

CLÁUDIO – Claro que não, pelo amor de Deus! Acredita em mim!

DPF Sérgio – Mas você estava com as armas engatilhadas, não estava?

CLÁUDIO – Estava pra minha segurança.

DPF Sérgio – Você não apontou essas armas para várias pessoas aqui na delegacia? Engatilhada?

CLÁUDIO – Apontei.

DPF Sérgio – O que você pretendia, CLÁUDIO?

CLÁUDIO – Eu queria me defender, doutor.

DPF Sérgio – Defender de quem? Quem lhe agrediu?

CLÁUDIO – O senhor quer que eu responda, o senhor quer que eu fique...

DPF Sérgio – Não, eu quero que você responda. Meu amigo, que coisa abominável você fez! O que você fez é abominável. Eu lido com bandidos há sete anos e nunca vi uma coisa tão abominável como essa de bandidos. Ainda mais de um colega.

CLÁUDIO – Meu estado mental...

DPF Sérgio – Mas o estado mental... Você chegou a procurar algum auxílio psicológico? Você foi a algum médico? Tem alguém que possa atestar pelo seu estado psicológico?

CLÁUDIO – Fui.

DPF Sérgio – Quem?

CLÁUDIO – O próprio médico que fez a minha operação.

DPF Sérgio – Mas ele era psicólogo?

CLÁUDIO – Não. Ele era urologista.

DPF Sérgio – Psiquiatra você nunca foi a nenhum? Algum médico de cabeça? Você chegou a se consultar pra dizer que estava com problemas mentais? Que problema é esse que...?

CLÁUDIO – Consegui.

DPF Sérgio – Ouviu? Quem era o médico?

CLÁUDIO – Ah, Foi no doutor Ernesto, na doutora Vanda.

DPF Sérgio – É verdade que você tenha dito às pessoas, quando as seqüestrou aqui, aos policiais, que pretendia se aposentar porque estava com problema mental?

CLÁUDIO – É verdade.

DPF Sérgio – E se você fosse somente removido, também servia pra você tratar o seu problema mental? Você disse isso?

CLÁUDIO – Serviria. Não, pra tratar o meu problema mental?

DPF Sérgio – Você disse isso?

CLÁUDIO – Não sei. Pelo menos eu melhoraria no Rio de Janeiro.

DPF Sérgio – No Rio de Janeiro. Quem efetivamente o estava ameaçando? Na sua cabeça, quem estava ameaçando você? Quais são os nomes dessas pessoas?

CLÁUDIO – Eu queria ficar vivo.

DPF Sérgio – Cláudio, você não pensou nisso quando tirou a vida dos dois colegas.

CLÁUDIO – Tá, eu quero responder isso na Justiça.

DPF Sérgio – Tudo bem. É direito seu, é direito seu. Ninguém vai obrigar você a falar o que você não quer falar.

CLÁUDIO – Me diga uma coisa: se eu falar só o essencial pra me condenar. Só isso que eu quero.

DPF Sérgio – Certo. Desde quando você acha que está tendo problemas mentais?

CLÁUDIO – Desde quando foi realizada uma operação em mim.

DPF Sérgio – Que tipo de operação?

CLÁUDIO – Uma circuncisão.

DPF Sérgio – Em que mês foi isso?

CLÁUDIO – Mês de janeiro.

DPF Sérgio – Janeiro desse ano? Você já era policial quando aconteceu isso?

CLÁUDIO – Era.

DPF Sérgio – Você foi dispensado para fazer essa... para ir ao Rio de Janeiro. Você fez no Rio de Janeiro essa operação? Foi?

CLÁUDIO – Foi.

DPF Sérgio – Foi, não é? Você foi dispensado. Quanto tempo você passou dispensado para tratar disso aí?

CLÁUDIO – Bem dizer um mês.

DPF Sérgio – Um mês? E depois você retornou?

CLÁUDIO – Foi.

DPF Sérgio – E quantos meses de Polícia você tem?

CLÁUDIO – Dez meses.

DPF Sérgio – Dez meses? Sendo que um você passou afastado. Você tem nove meses de Polícia. Alguma vez você sentiu essa vontade de sacar sua arma, atirar nos outros, se sentiu perseguido, sentiu a necessidade de se defender como ontem? Antes de ontem, você sentiu alguma necessidade igual a essa que sentiu ontem?

CLÁUDIO – Sim.

DPF Sérgio – Quando? Não se recorda? Não se recorda? Você tinha alguma coisa pessoal contra o Armindo ou contra o Guilherme?

CLÁUDIO – Não.

DPF Sérgio – Não tinha nada pessoal contra eles. Onde é que você pretendia chegar quando você fugiu pra Colômbia? Você queria ir pra onde?

CLÁUDIO – Consulado brasileiro.

DPF Sérgio – Você queria ir pro Consulado brasileiro? Porque que não foi? Foi abordado antes, não é? Mas no Consulado brasileiro você esperava o que de lá?

CLÁUDIO – Esperava ir pro Rio de Janeiro. Ser... extraditado pro Rio de Janeiro.

DPF Sérgio – Você tinha consciência que tinha atirado em dois colegas? Você tinha consciência que tinha matado os colegas ou que só tinha atirado?

CLÁUDIO – Não sei. Eu pensei... Eu pensava em várias coisas, Doutor Sérgio. Eu estava pensando lá na cadeia. Entendeu? Eu tava pensando em várias coisas. Eu pensei até... eu cheguei a pensar até em... não sei. As coisas que aconteceram foram fazendo eu pirar, pirar. Fui delirando, delirando. Não sei.

DPF Sérgio – você avisou pra alguém que ia pirar? Que ia perder o controle?

CLÁUDIO – Avisei.

DPF Sérgio – Quem?

CLÁUDIO – A várias pessoas no Rio de Janeiro. Várias pessoas.

DPF Sérgio – Mas aqui você avisou pro seu Chefe que ia perder o controle?

CLÁUDIO – O meu Chefe, ele...

DPF Sérgio – Não. Eu estou perguntando se você avisou a ele: “Olha, eu vou perder o controle se eu ficar aqui.”. Vou pirar. Você avisou a ele? Já que você sentia que...

CLÁUDIO – Eu tentei. Entendeu? Eu tentei justamente fazer isso. Entendeu? Eu tentei justamente fazer isso, fazer com que eu fosse embora pro Rio de Janeiro removido ou pegasse meu atestado psiquiátrico e fosse embora. Eu queria sair da Polícia, entendeu? Eu vou pagar, meu irmão! Eu perdi, eu perdi pra tu nessa história toda. Entendeu? Eu perdi. Tem gente aí por cima fazendo coisas, entendeu? Eu perdi.

DPF Sérgio – Perdeu o quê?

CLÁUDIO – Perdi. Não tem... o que eu queria na minha vida era processar, no caso, o médico. Entendeu? Eu vi que não dava. Que aconteceram coisas.

DPF Sérgio – Mas então me explica uma coisa, Agente Cláudio. Olha pra mim, Agente Cláudio! Você ainda é um Agente de Polícia Federa. Então, pelo menos, assuma sua responsabilidade como Agente de Polícia Federal enquanto você ainda é – espero que por muito pouco tempo. Você tem consciência que você é um Policial Federal? Que você matou outros policiais federais sem motivo nenhum? Está ciente disso?

CLÁUDIO – Sem motivo...

DPF Sérgio – Sem motivo nenhum. Teve algum motivo? A não ser você achar que houve, haveria uma reação?

CLÁUDIO – Sim. Eu...

DPF Sérgio – Em algum momento você pensou... Sim o quê?

CLÁUDIO – Não teve motivo nenhum.

DPF Sérgio – Em algum momento você pensou que poderia escapar depois de ter assassinado os colegas?

CLÁUDIO – Não, não pensei que poderia escapar.

CLÁUDIO – Você iria fazer o que na Colômbia? Se entregar?

CLÁUDIO – Ia me entregar ao Consulado.

DPF Sérgio – Mas você ainda estava com as duas armas quando foi interceptado. Não estava?

CLÁUDIO – Estava. Estava com as armas totalmente desmuniciadas.

DPF Sérgio – Certo. Você é da mesma turma do Guilherme, não é? Da Academia?

CLÁUDIO – Sou. Eu fiz uma merda desgraçada. Se vocês quiserem me matar vocês me matem, pelo amor de Deus!

DPF Sérgio – Cláudio, merda a gente faz quando a gente briga no bar, merda a gente faz quando não faz os procedimentos direito, o que você fez foi abominável e eu espero que você responda por isso. Pelo menos é o que nós vamos nos empenhar aqui e fazer é reunir o máximo de provas para que a Justiça possa julgar o seu caso com justiça. Mas eu vou logo te dizer: o mínimo que você pode fazer pelos colegas que você matou é abrir o jogo e assumir suas responsabilidades. Não faltou aviso pra você, pra ficar tranqüilo, nada... Todo mundo tentou te ajudar, tentou fazer você se acalmar. Na verdade esse seu desejo de...

CLÁUDIO – Não foi isso, Doutor Sérgio. Eu tentei com isso. Aconteceu aquilo lá por causa desse disparo, por causa de alguma coisa. Eu não sei. Não sei se tinha alguém dentro do carro. Como eu disparei sem querer. Houve o disparo, desse disparo eu perdi o controle. Na verdade eu não queria. O que eu queria, o que eu queria...

DPF Sérgio – Você atirou primeiro no Guilherme e depois no Armindo ou primeiro no Armindo e depois no Guilherme?

CLÁUDIO – Nem sei. Bem dizer. Eu atirei nos dois. Porque eu estava com uma arma em cada mão. Então eu vi o Guilherme puxar... sei lá fazer um movimento, aí eu atirei. Aí eu vi...

DPF Sérgio – Mas para atirar no Guilherme você tinha que... ser abaixado. Você abaixou ou não?

CLÁUDIO – Não sei. Foi atirando, tentando correr. Uma coisa assim... Eu não sei.

DPF Sérgio – Por que você não entregou logo a arma para o Chefe da Delegacia? Você achava que ele ia fazer alguma coisa contra você? Por que você não entregou a arma para os Militares do Exército? Hein, Cláudio?

CLÁUDIO – Eu vou falar sério o que aconteceu. Eu estava me sentindo ameaçado.

DPF Sérgio – Por quem? Mas em momento algum você pensou em se matar. Não é Cláudio?

CLÁUDIO – Não, eu não pensei em me matar.”

Eu quis falar sobre esse caso porque foi um fato importante que aconteceu. Vejam que essa doença policial não é de agora, já que esse ocorrido foi em 2002, ou seja, 20 anos atrás. E, como falei acima, semana passada veio a tona mais um caso de depressão e paranoia que culminou na morte de mais um colega. Até quando será assim? Quantos precisam morrer para que a polícia tome uma atitude?

Lembrando novamente que só estou escrevendo este caso aqui porque foi tornado público, podendo ser lido integralmente no site do TRF 1, conforme coloquei também acima no texto.

Para concluir, o ex-colega Cláudio foi absolvido das acusações por ser considerado inimputável no momento da ação. Não sou eu que estou dizendo. Na íntegra do processo é possível ler os laudos psiquiátricos e tudo que comprova o fato da inimputabilidade. Segue abaixo a sentença:

PENAL. PROCESSO PENAL. ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA. RÉU INIMPUTÁVEL. EXAME MÉDICO LEGAL. ISENÇÃO DE PENA. CPP, ART. 411. CP, ART. 26. 1. Comprovado, mediante exame médico-legal, que o agente era, ao tempo da ação, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento, é de, sumariamente, ser absolvido, nos termos do art. 411 do Código de Processo Penal. 2. O paranóico sofre de uma confiança exagerada e tem medo, constante, de ser agredido, teme ser humilhado, é um indivíduo incapacitado de conviver em sociedade, vive sempre em estado de desconfiança, em estado de alerta imaginando que a qualquer momento vai ser atacado. 3. Declarada a inimputabilidade, o agente não é condenado, é absolvido, ficando, no entanto, sujeito a medida de segurança (CP, arts. 96 e 97). 4. Recursos e remessa oficial não providos.

(TRF-1 - RCCR: 5933 AM 2002.32.00.005933-4, Relator: DESEMBARGADOR FEDERAL TOURINHO NETO, Data de Julgamento: 24/05/2005, TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: 15/07/2005 DJ p.18).

 

Ps.: Se leram até aqui, por favor, comentem. Podem perguntar o que quiserem.

Pps.: Não esqueçam que tem o livro com histórias policiais reais inéditas contadas por mim. Basta Clicar Aqui para adquiri-lo.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

Recém empossados do concurso de 2021 - Sejam bem vindos à firma, novinhos!

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Pela primeira vez na minha carreira de Policial Federal tive a oportunidade de receber os novinhos (policiais que tomaram posse recentemente). Quando os novos chegam na Superintendência, normalmente eles passam por um estágio, de um ou dois dias, em cada uma das delegacias para poderem ter uma noção de como cada uma funciona e poder opinar em qual delas gostaria de trabalhar nessa primeira investidura. Falo “opinar” porque de fato a escolha final não é deles e podem ser lotados onde não queriam.

Para aqueles que não estão habituados vou explicar: uma superintendência é feita de várias delegacias especializadas, cada uma com seu nicho de atuação. Se você é lotado em uma delas, 99% do seu trabalho vai ser relacionado com aquele tema específico. Por exemplo, se você está trabalhando numa Delegacia de Repressão a Crimes Previdenciários, essa será, basicamente, sua área de atuação. Terá treinamentos específicos do tema e, com algum tempo, você será especialista nisso. Pode acreditar, você fica bom nessa porra! Logo que chega na delegacia parece que nunca vai aprender, é tudo muito nebuloso e parece difícil. Mas depois, quando mal percebe, já tá arrebentando nas investigações. É muito gratificante e, posso até dizer, divertido.

Depois que entrei na PF, em 2016, chegaram mais três turmas de novinhos. Duas do concurso de 2018 e uma, agora, do concurso de 2021. Mas nas duas de 2018 eu não participei da chegada dos novos: na primeira turma que chegou do concurso de 2018 eu estava de férias. Quando voltei eles já estavam com quase um mês de casa. Podem acreditar, o policial com um mês de casa já é muito diferente de um que tem poucos dias, ganha experiência muito rápido, ainda mais quando os antigos vão ajudando. Na segunda turma de 2018 eu estava de missão em Brasília. Quando voltei eles já tinham mais de três meses, os estágios já tinham acabado, e eles já estavam bem familiarizados com o trabalho.

Nessa primeira turma do concurso de 2021 eu tive a feliz oportunidade de receber policiais com apenas horas de posse. Encontrei com a colega responsável pela posse dos novos no corredor quando estava indo buscar um café, ela me abordou e disse: APF do Norte, esse aqui é para a sua delegacia, pode levá-lo lá? Eu perguntei: ele tá tomando posse agora? Ela falou, hoje pela manhã, e eu quero mostrar a sala da delegacia e apresenta-lo lá, que segunda o estágio dele já é com vocês.

Nessa hora você olha para o novinho, se apresenta, e percebe que os olhos dele estão brilhando. O cara acabou de entrar na Polícia Federal e sabe que não é para qualquer um estar aqui. Também sabe que não é qualquer polícia essa tal de Polícia Federal – é A polícia! Pelo olhar dele é notório que nem ele acredita ainda. Só quem ingressa na PF sabe a árdua batalha que é para estar aqui. Ele sabe que milhares tentaram e não conseguiram, porém ele logrou êxito. Isso não há dinheiro que pague. Falei para a colega: pode levá-lo lá, por favor, vou só ali na copa pegar um café. Ela: deixa comigo.

Esse novinho do parágrafo acima foi um dos últimos a tomar posse. Antes dele eu já tinha conhecido alguns. Inclusive vários já tinham feito estágio lá na delegacia. Com a chegada deles o clima de trabalho muda. Você os ouve nos corredores, no café, nas salas e até no estacionamento. É contagiante a animação. Faz recordar de quando foi com você, quando você chegou. Um dia todos fomos novinhos. A chegada deles traz excelentes recordações. Sangue novo nas artérias da Polícia Federal, trazendo oxigênio novo, que acabou servindo para renovar o meu ânimo também.

Sejam todos muito bem-vindos à firma. Fico feliz em recebê-los e mais ainda de muitos que estão aqui terem participado dos nossos simulados de informática. Agora vocês fazem parte da Polícia Federal. Ontem era só um sonho e hoje você está aqui. Nunca esqueça de quão sofrida foi sua batalha para que sempre possa dar valor à sua conquista. Aproveitem a estada e curtam cada momento. Chega de bla bla bla e vamos trabalhar!

 

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domingo, 18 de abril de 2021

O dia em que fui abordado de forma muito truculenta pela PM

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Senhoras e senhoras, começarei esse texto avisando que eu não acho que todos os policiais militares são truculentos, mas existem membros em todas as forças policiais que são sim desnecessariamente truculentos e desproporcionais na hora de abordar qualquer pessoa. Esse foi o caso que aconteceu comigo, e que contarei a vocês.

Nos é ensinado na academia que o momento da abordagem é um momento crítico. Você não sabe quem está sendo abordado, e não está escrito na testa de ninguém se é ou não bandido. Então, no primeiro contato com os abordados, o policial deve ser mais enérgico e firme no que está fazendo, para caso haja qualquer reação, ele esteja pronto para agir sem perder tempo. É muito importante não acomodar e achar que ninguém vai reagir a uma abordagem policial. Temos vários exemplos de policiais mortos ou feridos nas mais diversas situações de abordagem pelo nosso país e pelo mundo.

A academia de Jiu-jitsu ficava a uns 500 metros da minha casa. Era uma academia de bairro, localizada em um conjunto de casa. Essa região era conhecida por assaltantes oportunistas, que são aqueles que não podem ver alguém vacilando na rua, que vão lá fazer seu corre, normalmente numa motocicleta e armados, para pegar um celular ou algum dinheiro. Por esse motivo eu preferia ir de carro, mesmo sendo muito próximo à minha residência.

Nesse dia, peguei meu kimono, entrei no carro e fui treinar, como fazia normalmente em todos os outros dias. Estacionei quase em frente a academia. Antes de descer do carro, olhei bem para os lados, atento para ver se não vinha nenhum desse oportunistas de moto me assaltar. Sai rapidamente, tranquei o veículo com o controle remoto e entrei na academia. Fiz a aula normalmente. Começava por volta das 19h30min e durava até 21h, alguns dias até 21h30min.

Quando eu sai da academia, notei que havia duas viaturas da Polícia Militar no começo da rua, uns 30 metros de onde eu tinha estacionado. Fiquei até mais tranquilo, já que com a presença da PM dificultaria a ação, naquele momento, de qualquer um que quisesse me fazer algum mal. Nesse dia eu daria carona para um amigo do jiu-jitsu, que também morava próximo, mas era perigoso para ele ir a pé, principalmente sozinho.

As roupas que estávamos vestindo era somente a calça do kimono. Ambos estávamos sem camisa, já que meu carro não tinha banco de couro, e o Uwagi (parte de cima do kimono) estava ensopado de suor, e também fazia muito calor. Estávamos no norte do Brasil, academia sem ar-condicionado e tivemos, como sempre, um treinamento intenso. Resultado disso: muito suor e calor. Estou contando os detalhes das vestimentas porque isso vai ser importante durante a abordagem.

Fui para o meu carro, que estava estacionado de ré em relação às viaturas. O meu amigo sentou no banco do carona. Eu, com preguiça de fazer a volta com o veículo, resolvi segui de ré pela rua, já que próximo de onde as viaturas estavam tinha um cruzamento, e seria muito mais fácil manobrar, já que a rua era bem estreita e tinha calçadas muito altas.

Quando eu estava quase chegando ao cruzamento, uma viatura se mexeu e encostou atrás do meu carro, impedindo que eu entrasse de ré no cruzamento. Pensei: porra, esse cara não viu que eu estava saindo da rua? Custava ele esperar um pouco até eu manobrar? Achando que a intenção dele era entrar na rua e vendo que a viatura não conseguiria passar, pois meu carro atrapalhava, já que tinha um carro estacionado ao lado, em paralelo ao meu, avancei um pouco, para dar passagem.

Foi quando ele encostou novamente atrás. E eu, na minha mais doce inocência, pensei: Caralho, esse cara é burro. Não viu que já dava pra passar! Então fui novamente um pouco para frente, ficando bem em frente a academia de jiu-jitsu, no mesmo lugar onde estava estacionado momentos antes. E novamente eles encostaram. Foi quando eu notei que tinha algo errado, e o carona falou: cara, acho que eles querem que a gente desça do carro.

Nesse momentos eu olhei pela janela do motorista, e vi quatro policiais apontando fuzis e pistolas para meu carro, gritando e xingando, para que eu descesse e colocasse as mãos para cima. Nessa época eu não era policial, e nem sequer já tinha atirado ou tinha qualquer intimidade com qualquer tipo de arma. Fiquei muito nervoso com a situação. Nervoso de medo.

Os caras gritavam: "desce filho da puta, desce com a mão na cabeça, seu filho da puta". Eu falei: "calma irmão, tô..." Quando fui interrompido: "cala a boca, seu merda. Cala a boca. Desce todo mundo."

Nessa hora estava eu e o colega já fora do carro, encostados no veículo com as mãos sobre o teto. As armas continuavam apontadas. Os dois PMs que não estavam de armas longas se aproximaram, um de mim e outro do colega, e começaram a nos revistas. Lembram como estávamos vestidos? Pois é, não tinha nem como escondermos qualquer tipo de arma. Mas até aí, tudo bem. Trabalho deles.

Nessa hora, como estávamos bem em frente a academia de jiu-jitsu, o mestre e os colegas de treino foram aparecendo e ficaram observando aquela abordagem. O mestre tentou falar que tínhamos acabado de sair do treino, quando foi interrompido com um cala boca.

Mandaram o carona ficar de frente para o muro, e me pediram para acompanhar a revista no veículo. Nessa hora eu falei que eles podiam baixar as armas, que não tínhamos armas e que não precisavam ficar nervosos, pois não éramos ameaça. Foi quando um deles retrucou gritando: "ninguém está nervoso aqui não". Eu falei: "eu estou, tem um monte de arma apontada para mim".

Voltando às técnicas de abordagem. Nós não representávamos mais ameaça. Eles podiam diminuir o grau de intensidade e de energia da abordagem. Poderiam parar de apontar as armas, nos deixando mais tranquilos. Você evolui a energia da abordagem de acordo com os abordados. É assim que é ensinado na academia. Acho que eles tinham esquecido.

Lembro ainda de o colega que estava encostado no muro virar para olhar o procedimento, quando foi repreendido, sem nenhuma necessidade, também com gritos: "encosta no mudo, filho da puta, não vira, põe a mão na cabeça!”. Cara, não tinha motivo nenhum de fazer isso, nós estávamos extremamente passivos e obedientes.

Nessa época eu já havia feito o concurso para perito da Polícia Civil do meu estado, e estava aguardando o resultado da prova. Mas pensava o tempo todo: como eu queria, naquele momento, já ser policial e poder me identificar para acabar com aquela abordagem desnecessariamente truculenta.

Então, quando o policial ia começar a revistar meu carro, um amigo do jiu-jitsu que estava assistindo àquilo tudo, e também era PM, chamou o chefe da guarnição, se identificou e falou que nós tínhamos acabado de sair do treino. Nessa hora o PM chefe me chamou e falou: agradece ao teu amigo ali, senão isso aqui ia ser muito pior.

Eu fico imaginando que pra ser pior que aquilo, só se eles nos batessem ou atirassem. Não entendi o motivo da abordagem tão truculenta até hoje. Para que eu teria ido em direção às viaturas se eu tivesse algo a temer? A rua tinha saída para o outro lado, caso eu quisesse fugir. Além de tudo, não me pediram nenhum documento, e todos eles estavam sem os nomes na farda.

Eu não fiquei traumatizado, mas fiquei bem aborrecido e um pouco triste. Remoí isso por algumas semanas. Acredito que não seja necessário esse tipo de atitude de nenhuma força policial. Abordar de forma firme sim, truculenta, jamais.

Comente aí se você já foi abordado assim por alguma força policial e qual foi sua reação!

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sábado, 27 de fevereiro de 2021

Pontuação Mínima no Concurso de Remoção por Lotação - Agente de Polícia Federal (2020)

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Pessoal, finalmente as vagas da última remoção do cargo de Agente de Polícia Federal, com suas respectivas pontuações mínimas. Ou seja, essa planilha indica qual é o mínimo de pontos que você precisar ter acumulado para conseguir ser removido para determinada cidade.

As cidades que estão marcadas como "vagas de academia", já sabem! E também aquelas que tem a pontuação muito baixa podem ter vagas para a academia.


Senhores, para saber quanto tempo, mais ou menos, os senhores irão para cada cidade, basta pegar a pontuação da cidade de lotação, multiplicá-la pelo número de dias do ano. Aí os senhores terão a pontuação por ano daquela cidade.

Depois basta dividir a pontuação da tabela acima pela pontuação anual da cidade de lotação. Pronto, terão o tempo que será necessário para alcançar tal pontuação. Vou dar um exemplo pra facilitar. 

Você está lotado em Tabatinga/AM. Pontuação: 4,5. Essa pontuação é contada por dia. Ou seja, em um ano serão 365 * 4,5 = 1.642,5 pontos. Se você quer ir para Recife/PE, que a pontuação mínima foi 10.955,10 pontos, divida 10.955,10 por 1.642,5. O resultado é 6,6 anos.

Na planilha acima eu fiz o tempo baseado em cidade de pontuação 4.

Clique aqui para saber a pontuação de cada lotação!

Importante: essa pontuação mínima muda a cada concurso de remoção. Essa volatilidade depende muito da quantidade de concursos e, principalmente, da quantidade de vagas oferecidas nesses concursos.

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sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

Pontuação Mínima no Concurso de Remoção por Lotação - Escrivão De Polícia Federal (2019)

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Pessoal, finalmente as vagas da última remoção do cargo de Escrivão de Polícia Federal, com suas respectivas pontuações mínimas. Ou seja, essa planilha indica qual é o mínimo de pontos que você precisar ter acumulado para conseguir ser removido para determinada cidade.

Nessa pontuação de escrivão eu não separei as cidades de primeira investidura. Mas basta ver aquelas que a pontuação é muito baixa.


Senhores, para saber quanto tempo, mais ou menos, os senhores irão para cada cidade, basta pegar a pontuação da cidade de lotação, multiplicá-la pelo número de dias do ano. Aí os senhores terão a pontuação por ano daquela cidade.

Depois basta dividir a pontuação da tabela acima pela pontuação anual da cidade de lotação. Pronto, terão o tempo que será necessário para alcançar tal pontuação. Vou dar um exemplo pra facilitar. 

Você está lotado em Tabatinga/AM. Pontuação: 4,5. Essa pontuação é contada por dia. Ou seja, em um ano serão 365 * 4,5 = 1.642,5 pontos. Se você quer ir para Recife/PE, que a pontuação mínima foi 10.955,10 pontos, divida 10.955,10 por 1.642,5. O resultado é 6,6 anos.

Ou seja, você precisa ficar 6,6 anos em Tabatinga para acumular a pontuação necessária para ir para Recife. 

Mas saibam que essa pontuação mínima muda a cada concurso de remoção. Essa volatilidade depende muito da quantidade de concursos e, principalmente, da quantidade de vagas oferecidas nesses concursos.

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domingo, 3 de janeiro de 2021

Aula de Simunition - Entrada em residência - Aulas da Academia Nacional de Polícia Federal - ANP

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Munição de simunition!

"Então estávamos encurralados. Nos cercaram em um corredor, não tínhamos onde nos esconder. Os disparos vinham pela frente e pela retaguarda...".

Durante a ANP temos muitas aulas bem legais e divertidas. As de simulação de qualquer tipo de ação policial são as melhores, na minha opinião. Eu sempre as considerava muito melhores que qualquer aula de tiro. Não sei se é porque atiramos até enjoar na academia, e acabamos por cansar de dar tiro. Mas eu realmente prefiro as aulas de simulação. Pena que, quando fiz a ANP, eram poucas.

Nesse dia seria uma aula de simulação no SEOP (Serviço de Ensino Operacional). A missão seria fazer a entrada tática em uma residência. Bandidos armados estaria nos esperando, que seriam representados pelos professores. Para fazer esse exercício nós e os professores usaríamos umas Glocks especiais, que são feitas para atirar munição de tinta, chamadas de simunition. As munições de simunition são quase iguais às reais, mas são feita pra serem usada nessas Glocks especiais, e seu projétil é uma capsula plástica com tinta dentro.

Perguntei o porquê de não usarmos armas e munição de Airsoft. Eu achava que, se usássemos Airsoft, esse tipo de aula poderia ser ministrado com muito mais frequência, já que sairia muito mais barato que usar simunition. Responderam que a intenção é parecer o mais próximo da realidade possível, por isso se usa esse tipo de arma e munição.

Para a atividade a turma foi separada em equipes de 5 e 6 componentes. Enquanto uma equipe fazia a entrada na residência, as outras ficavam fazendo outras atividades. Não me recordo quais eram essa outras atividades, mas provavelmente alguma outra simulação ou treinamento. Quando uma equipe terminava a simulação a outra entrava. As equipes que aguardavam não assistiam às que faziam a atividade, para não terem spoiler de como seria, e acabar acabando com a diversão dos professores (mas a frente vocês entenderão).

Os alunos e professores estavam equipados quase da mesma forma. Coletes e mascaras de proteção facial. Só tinha um porém: os professores, que simulariam os bandidos, estava equipados com os carregadores cheios de munição. Ou seja, tinham munição à vontade para gastar em nós. E nós, alunos, que simularíamos os policiais, estávamos equipados com apenas duas munições no carregador. Ou seja, nós seríamos mais os "alvos" que propriamente os atiradores (olha a diversão dos professores aparecendo).

Eles falaram que dessa forma, com pouca munição, seríamos forçados a treinar mais a nossa tática de entrada! Mas acho que eles queriam só se divertir mesmo nos usando de alvo. Acho que é aquele tipo de aula em que eles combinam entre eles de ser usada para desestressá-los. O briefing antes da aula deve ser assim: rapaz, nós vamos hoje detonar os alunos na bala de tinta, quem quer? Tenho absoluta certeza de que nesses casos sempre têm mais professores voluntário para participar que vagas disponíveis para dar aula. Afinal, quem não acha divertido maltratar de aluno? Pois é!

Voltando à simulação, finalmente chegou a vez da minha equipe de participar. Como eu já era policial e já tinha feito uma academia (PRF), os professores me mandaram ficar na retaguarda e entrar por último, pois queriam alguém que não tinha experiência policial para entrar primeiro. Mal eles sabiam que era a primeira vez que eu fazia aquilo!

Na minha equipe tinha uma menina que estava quase travada de medo. Será chamada, a partir daqui, de zero meia. Claro que eu estava ansioso e tenso, acredito que a maioria da equipe também estava, afinal era uma simulação bem realista. Mas nós conseguíamos não deixar isso nos dominar. Mas a zero meia estava quase colando as placas.

Ao chegarmos na residência simulada, batemos na porta e gritamos: Polícia Federal, abram! E ninguém respondeu. Um colega, que já era Policial Civil, gritou e bateu novamente. Não havendo resposta, então ele tomou a dianteira, meteu o pé na porta até ela escancarar.

Ele foi esperto, meteu o pé e saiu da frente, porque mal a porta abriu, já fomos recebidos uma chuva de bala vindas lá de dentro, em nossa direção. Acho que os professores tinham munição infinita, tipo nos jogos de vídeo game, porque os disparos simplesmente não paravam. Quando eles finalmente deram uma pausa, acho que para recarregar, a equipe adentrou para revistar o primeiro cômodo.

Só que a zero meia colou as placas e não entrou junto. Ela estava bem na minha frente na fila, por isso não consegui seguir a equipe, travado por ela. Então ficamos nós dois do lado de fora. Assim que a equipe passou pela porta, a chuva de bala voltou.

A parte da equipe que entrou ficou abrigada na parede do primeiro cômodo. Os tiros vinham de um quarto que ficava após essa parede, um pouco mais a frente. Se me recordo bem eram 5 na equipe. Então 3 entraram e 2 ficaram fora: eu e a zero meia. Mesmo com meus insistentes comandos para ela entrar, ela travou. Ficamos uns 3 minutos nesse impasse. Até que finalmente a convenci a entrar, após uma nova pausa dos tiros.

Nos juntamos à equipe que nos esperava no primeiro cômodo, em fila. Ficamos aguardando que os professores dessem uma nova trégua nos disparos para poder prosseguir. Quando finalmente isso ocorreu, o primeiro da fila, seguido por nós, rapidamente ganhou o corredor. Havia uma porta a esquerda, que já tínhamos visto da entrada. Por isso sabíamos que era, até agora, de onde vinham a maioria dos disparos. Fatiamos para entrar e rendemos os dois "bandidos" que ali se escondiam. Acho que eles já tinham ficado sem munição, porque não atiraram e nem tentaram.

Voltamos para o corredor e prosseguimos. Nesse corredor havia mais duas portas, uma em frente a outra, ambas abertas, com mais dois cômodos. Na posição em que estávamos não dava para ver os seus interiores. De repente saiu um professor atirando de uma das portas e entrou na outra. Nessa hora todos atiraram nele também. Foi um "barata voa" da porra! 

Uns gritavam: parado polícia. Outros gritavam de dor porque já tinham sido atingidos pelos primeiros disparos. Como sou azarado, eu era um dos que gritava de dor, mesmo estando quase no final da fila, tinham me acertado. Você ser acertado não te "matava". Podia prosseguir na simulação. Nesse "barata voa" todos da equipe gastaram suas munições.

Então, para piorar, enquanto o maldito professor ficava cruzando nossa frente atirando, também apareceu um professor pela nossa retaguarda e começou a disparar. Agora estávamos sem munição e encurralados no corredor. O professor ainda continuava passando pela nossa frente, de um cômodo a outro, nos usando de alvo, enquanto o outro aparecia pela retaguarda no corredor e disparava também. Era uma chuva de gritos de dor. E tome tiro nos alunos encurralados.

Esses tiros de simunition doem e podem até causar pequenas lesões. Logo no começo, quando o professor cruzou nossa frente pela primeira vez, tomei um tiro no dedo que achei que tinha arrancado uma falange. Porque doeu muito e depois ficou dormente. Estava escuro lá dentro da casa e não dava pra ver se o melado no meu dedo era sangue ou tinta do projétil.

Enquanto eu pensava se ainda tinha parte do dedo e onde estaria perdida a minha falange, a cena mais cômica da aula acontecia: Cinco alunos encurralados, um tentando usar o outro de escudo, tomando tiro de "festim" dos professores, que atiravam à vontade. Para nós: dolorido. Para eles: muito divertido!

Os tiros finalmente cessaram. Acho que ficaram com pena. Nós pudemos finalmente prosseguir, fingindo que ainda tínhamos munição, apenas para terminar a simulação. Com certeza o objetivo era fazer a gente se fuder. Não consigo enxergar outro propósito nessa aula! E esse intento foi concluído com sucesso.

Ao terminar o exercício, fomos olhar os danos. Meu dedo ainda estava no lugar, e íntegro! O que eu achava ser sangue, era só tinta mesmo. Não teria que procurar minha falange dentro da casa. Os egos estavam meio abalados e a zero meia estava em choque, pensando se tinha escolhido o concurso certo.

Fomos para a próxima aula sujos e com alguns hematomas. Apesar disso a aula foi bem divertida. Vida que segue!

ps.: Se gostaram, compartilhem e comentem o quanto quiserem.

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segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

Pontuação Mínima no Concurso de Remoção por Lotação - Agente De Polícia Federal (2019)

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Pessoal, finalmente as vagas da última remoção do cargo de Agente de Polícia Federal, com suas respectivas pontuações mínimas. Ou seja, essa planilha indica qual é o mínimo de pontos que você precisar ter acumulado para conseguir ser removido para determinada cidade.


Senhores, para saber quanto tempo, mais ou menos, os senhores irão para cada cidade, basta pegar a pontuação da cidade de lotação, multiplicá-la pelo número de dias do ano. Aí os senhores terão a pontuação por ano daquela cidade.

Depois basta dividir a pontuação da tabela acima pela pontuação anual da cidade de lotação. Pronto, terão o tempo que será necessário para alcançar tal pontuação. Vou dar um exemplo pra facilitar. 

Você está lotado em Tabatinga/AM. Pontuação: 4,5. Essa pontuação é contada por dia. Ou seja, em um ano serão 365 * 4,5 = 1.642,5 pontos. Se você quer ir para Recife/PE, que a pontuação mínima foi 14.032 pontos, divida 14.032 por 1.642,5. O resultado é 8,5 anos.

Ou seja, você precisa ficar 8,5 anos em Tabatinga para acumular a pontuação necessária para ir para Recife. 

Mas saibam que essa pontuação mínima muda a cada concurso de remoção. Essa volatilidade depende muito da quantidade de concursos e, principalmente, da quantidade de vagas oferecidas nesses concursos.

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sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

Livro com Histórias Policiais Reais Inéditas contadas por um Agente de Polícia Federal!

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Senhores, finalmente saiu o livro. São 79 páginas com contos policiais reais e muitas histórias inéditas. Eu espero de coração que gostem.

Para comprar basta clicar no Livro no canto superior direito, ou na imagem dessa postagem acima!

O livro custa só R$27,90. E para quem comprar até dia 04/12/2020, tem um cupom de 30% de desconto. Basta digitar na hora da compra: marcozero

Abaixo o sumário, para deixar os senhores ainda com mais vontade de ler.


Sumário:

Agradecimentos .................................................................................................... 3

O começo do sonho.............................................................................................. 4

A trajetória ............................................................................................................ 7

As Academias de Polícia .....................................................................................15

Por que eu troquei o cargo de Policial Rodoviário Federal pelo cargo de Agente de Polícia Federal ................................................................................................21

Primeiros dias de Trabalho ..................................................................................24

Primeiros dias na Polícia Rodoviária Federal: Quero PIsta! .............................24

Primeiros dias na Polícia Federal: Quero ação! ...............................................26

História 01: Tentativa de furto aos correios e a primeira vez que precisei me identificar como Agente                          de Polícia Federal. ..........................................................................31

História 02: Missão na Base Fluvial no Amazonas ...........................................35

História 03: Vamos pegar um traficante? ..........................................................41

História 04: Presos do colarinho branco e a realização da profissão ...............45

História 05: Uma fotografia muito cara .............................................................50

História 06: Fogo amigo – Nem tudo são flores na Polícia Federal ..................56

História 07: Reintegração de Posse em Área Federal .....................................62

História 08: Operações de Busca e Apreensão ................................................67

        Busca e apreensão na cadeia .......................................................................68

        Quando a curiosidade do vagabundo ajuda a polícia ....................................71

História 09: Um Político Vagabundo a Menos ..................................................74

Considerações Finais .......................................................................................79